Só 2% dos filmes brasileiros de 2016 foram dirigidos por cineastas negros

GUILHERME GENESTRETI

A Ancine divulgou nesta quinta (25) um levantamento que mostra que, entre os 142 longas-metragens brasileiros lançados em 2016, apenas 2,1% foram dirigidos por cineastas negros.

Quando se fala em diretoras negras, o número é zero.

Mulheres brancas aparecem em somente 20% dos títulos, o que mostra que o cinema no Brasil é uma atividade desempenhada por homens brancos, que dominaram 75% das prodições nacionais.

O “Sem Legenda” já havia antecipado parte desses dados, ainda no ano passado.

A Ancine e o Ministério da Cultura voltaram a divulgar os números com alarde nesta semana, a despeito de estarem desatualizados –dizem respeito a 2016; os dados de 2017 ficam prontos só em março.

A disposição em divulgar esses dados neste momento pode ter a ver com o fato de que ambas as entidades pretendem anunciar em breve um conjunto de editais para minorias.

Além dos dados sobre diretores, o relatório também aponta que os homens também são maioria nas seguintes áreas: roteiro de ficção (68%), documentário (63,6%), animações (100%), direção de fotografia (85%) e direção de arte (59%).

Apenas na área de produção é que a situação muda de figura, com 36,9% delas tomadas por mulheres brancas, e 26,2% por homens brancos. Homens negros assumem só 2,1% dessas funções sozinhos; mulheres negras são zero.

Vale dizer que o tema foi motivo de atrito público entre o atual ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, e a ex-presidente da Ancine, Débora Ivanov.

Em dezembro, o ministério soltou uma nota afirmando que o comitê gestor do Fundo Setorial do Audiovisual havia aprovado políticas para reduzir desigualdades de raça e gênero no setor, e que só Ivanov havia se oposto a isso.

No dia seguinte, contudo, a Ancine soltou um desagravo, dizendo que a então presidente era a favor das medidas e que defendera a adoção imediata dessas medidas, mas que Sá Leitão havia se oposto à ideia e sugerido que o Conselho Superior de Cinema debatesse o tema.