Sem Legenda https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br notícias sobre cinema Thu, 02 May 2019 13:16:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 É Tudo Verdade exibirá documentário sobre o clássico ‘Psicose’ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/e-tudo-verdade-exibira-documentario-sobre-o-classico-psicose/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/e-tudo-verdade-exibira-documentario-sobre-o-classico-psicose/#respond Thu, 30 Mar 2017 05:30:48 +0000 https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/psico-e1490808846442-180x72.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=1304 Elogiado em Sundance, o filme “78/52” terá projeções especiais na programação do É Tudo Verdade, festival internacional de documentários que começa em 19/4, em São Paulo.

O título faz referência às 78 posições de câmera e 52 cortes que Hitchcock usou para chegar à versão final de “Psicose” (1960).

Além de recuperar bastidores do clássico, o suíço Alexandre O. Philippe também analisa seu impacto cultural por meio de entrevistas com Peter Bogdanovich, Bret Easton Ellis e outros.

O diretor virá ao Brasil e participará do júri da mostra.

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Só 20% dos filmes brasileiros foram dirigidos por mulheres

Dados da Ancine mostram que em 2016 só 20% dos filmes brasileiros lançados foram dirigidos por mulheres.

Das áreas técnicas, a direção de fotografia é a mais machista: 84% dos diretores de fotografia são homens. Nas animações, porém, onda positiva: em 2016, 38% produções do gênero têm diretoras mulheres ante 13% em 2015.

Os números serão apresentados nesta quinta (30) no Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, que ocorrerá na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio. Participarão do evento Debora Ivanov, da diretoria da Ancine, além de convidadas internacionais como Carolle Brabant, Heather Webb e Ellen Tejle.

Brabant e Webb são canadenses e atuam no financiamento público de obras visuais com paridade de gênero e na capacitação de mulheres para o setor, respectivamente. Já Tejle é sueca e vem ao Brasil divulgar o selo Bechdel –um termômetro que mede a presença feminina nos filmes com três simples perguntas: “Há, pelo menos, duas personagens femininas com nome?”, “As personagens conversam entre si?”, “O assunto da conversa não é só sobre homens?”.

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// um estudo em vermelho Maria Manoella e Martha Nowill em ‘Vermelho Russo’, baseado em viagem que elas fizeram para estudar o método Stanislávski; filme estreia em 27/4 (Créditos: Bruno Alfano/ Divulgação)

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Aniversário O circuito de 20 salas de cinema mantidas pela Spcine completa um ano nesta quinta (30). Nesse período, soma 380 mil espectadores e 7,8 mil sessões.

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Canasvieiras Em 15 dias, Marco Ricca e Andréa Beltrão se reúnem para rodar a coprodução Brasil-Argentina “Sueño Florianópolis”, dirigida pela portenha Ana Katz e produzida pela Pródigo Filmes.

Canasvieiras 2 Os atores fazem um casal de brasileiros que hospedam uma família argentina em sua casa, na capital catarinense, nesse drama ambientado nos anos 1990.

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Canto da cidade A drag queen Maryana Mercury, que faz shows em casas LGBT do centro de São Paulo, foi escalada para “Paraíso Perdido”, filme que Monique Gardenberg (“Ó Paí, Ó”) roda na capital paulista, com Erasmo Carlos, Julio Andrade e Seu Jorge.

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Acesso Para se adequar ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Ancine criou um programa de apoio a distribuidoras: nos lançamentos pequenos, elas receberão R$ 15 mil para bancar tecnologias de acessibilidade nos filmes.

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Lar von Trier descerá até o inferno em seu novo filme https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/11/24/lar-von-trier-desce-ate-o-inferno-em-seu-novo-filme/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/11/24/lar-von-trier-desce-ate-o-inferno-em-seu-novo-filme/#respond Thu, 24 Nov 2016 04:16:52 +0000 https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/GERMANY-ENTERTAINMENT-FILM-FESTIVAL-BERLINALE_32347344-e1479930350991-180x68.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=1113 O novo filme do polêmico cineasta dinamarquês Lars Von Trier terá um pé em “A Divina Comédia”, de Dante, conforme explica o próprio diretor em comunicado enviado a distribuidores internacionais, ao qual a Folha teve acesso.

Já era sabido que “The House That Jack Built” tratará da história de um “serial killer” (Matt Dillon) que rememora cinco assassinatos cometidos por ele ao longo de um período de 12 anos, e que ele relata a um personagem chamado Verge (Bruno Ganz).

Os comentários trazem novos insights: Verge é inspirado em Virgílio, que é quem conduz Dante pelos círculos do inferno na obra italiana. A descida em si, Von Trier descreve como “uma mistura entre realismo e imagens abstratas da minha mente”.

Entre cada um dos cinco assassinatos, Jack e Verge dialogam em intervalos que misturam fábula, memória e debates. O diretor diz esperar que este seja seu filme mais “moral”. “É a história de um psicopata que vai para o inferno devido a suas ações. Não consigo imaginar punição mais cabível”, escreve.

“The House That Jack Built” será distribuído no Brasil pela California Filmes. (Créditos da foto: Johannes Eisele/AFP)

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PICARDIAS Christian Villegas, Guilherme Prates, Lipy Adler e Éverlley Santos em cena de ‘Último Virgem’; filme que remete ao clássico ‘Porky’s’ estreia no próximo dia 1º (Créditos: Vantoen Jr/Divulgação)

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Paulo José será tema de documentário

O ator Paulo José será personagem de um documentário que homenageará os 80 anos que ele completará em 2017. “Todos os Paulos do Mundo” terá direção de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, e produção de Vania Catani, da Bananeira Filmes.

O longa, sobre os 60 anos de carreira do ator, será estruturado a partir da montagem de cenas de vários dos filmes de que ele participou, compilados em uma ordem não necessariamente cronológica.

O contexto se dará com uma narração que vai misturar atores lendo depoimentos escritos por Paulo José e registros da voz do próprio ator.

Pede pra sair Depois de “Pequeno Segredo”, David Schurmann quer rodar um drama sobre o assassinato da missionária americana Dorothy Stang, morta no Pará em 2005. Ele diz que quer algo na linha “Tropa de Elite” e já tem em mente a primeira cena: uma perseguição frenética.

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Pede pra entrar Marcelo Gomes submeteu “Joaquim”, cinebiografia sobre Tiradentes, para o Festival de Berlim.

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Deixe ela entrar Ainda não finalizado, o documentário “Impeachment”, de Petra Costa, foi selecionado para buscar parceiros estrangeiros no IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam).

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Suzana Amaral vai retomar filmagens de ‘O Caso Morel’ após 20 anos https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/11/03/suzana-amaral-vai-retomar-filmagens-de-o-caso-morel-apos-20-anos/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/11/03/suzana-amaral-vai-retomar-filmagens-de-o-caso-morel-apos-20-anos/#respond Thu, 03 Nov 2016 04:05:36 +0000 https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/files/2016/11/SUZANA-AMARAL_46559311-e1478113846257-180x71.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=1087 Aos 84, a cineasta paulista Suzana Amaral (“A Hora da Estrela”) quer retomar um projeto antigo: levar o romance“O Caso Morel”, de Rubem Fonseca, às telas do cinema.

Em janeiro de 1997, ela quase pôde: o longa foi interrompido a apenas uma semana das filmagens. “Os cheques começaram a voltar, a produtora disse que não teríamos o dinheiro”, lembra a diretora.

O novo projeto, encampado agora pela BossaNovaFilms, acaba de receber aporte de US$ 250 mil de um edital de coprodução Brasil-Argentina operado pela Ancine e pelo Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales.

Suzana pretende rodá-lo em 2017. “Não gosto de deixar minhas ideias soltas no ar, de não realizá-las”, diz, sobre a retomada do filme.

Na nova versão, Júlio Andrade e Alexandre Nero farão os personagens principais da trama, sobre o encontro entre um investigador e um artista acusado de matar a namorada. “O tema principal é oportuno: impunidade”, diz a cineasta de produção bissexta.

Em 1985, seu “A Hora da Estrela” concorreu ao Urso de Ouro, no Festival de Berlim. (Créditos da imagem: Gustavo Epifânio/Folhapress)

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Hermanos Além de “O Caso Morel”, outros três projetos de longa foram contemplados no edital Brasil-Argentina da Ancine e do Incaa: “Solar Scenarium”, de Pena Cabreira e Claudio Fagundes, “A Família Submersa”, de Maria Alché, e “Rojo”, de Benjamin Naishtat.

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Hermanas Evaldo Mocarzel está finalizando um filme com Vera Holtz. “As Quatro Irmãs” é um “exercício de autoficção” com a atriz, diz o diretor. Vera por vezes interpreta a mãe, noutras é ela mesma. O docudrama, que retrata ainda as três irmãs da atriz, foi gravado no casarão centenário em Tatuí (SP) onde elas cresceram.

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LOUCO POR VOCÊ Luis Lobianco faz um fã fissurado em ‘TOC —Transtornada, Obsessiva, Compulsiva’, de Paulinho Caruso e Teodoro Poppovic, que estreia em 2 de fevereiro (Créditos: Fabio Braga/Divulgaçã0)

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Menino no Oscar

O brasileiro “Menino 23”, um dos 144 documentários finalistas para disputar o Oscar, já iniciou sua campanha.

Caso raro para um documentário nacional, conseguiu cravar estreia em solo americano: em dezembro, no Cinema Village, em Nova York, e no Laemmle Music Hall, em Los Angeles. O diretor Belisário Franca está nos EUA —no último dia 29, ele debateu depois de sessão promovida na Universidade Stanford.

O longa, produção da Grios em parceria com Globonews e Globo Filmes, trata do caso de meninos negros que foram escravizados nos anos 1930 por simpatizantes do nazismo.

COLABOROU MARIA LUÍSA BARSANELLI

 

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Diretor de ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ fará longa sobre casal trans https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/10/06/diretor-de-hoje-eu-quero-voltar-sozinho-fara-longa-sobre-casal-trans/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/10/06/diretor-de-hoje-eu-quero-voltar-sozinho-fara-longa-sobre-casal-trans/#respond Thu, 06 Oct 2016 05:54:38 +0000 https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Hojeeuquerovoltarsozinho4-e1475944546429-180x58.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=1002 Daniel Ribeiro (“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”) está preparando um novo longa de amor juvenil –agora, com personagens transexuais.

O roteiro de “Amanda e Caio”, sobre a separação de um casal adolescente, foi selecionado para o programa Laboratório Novas Histórias. O diretor paulista e a produtora Diana Almeida têm planos de lançá-lo em 2018.

Ribeiro também está envolvido na codireção de um documentário sobre o disco “Fa-Tal”, de Gal Costa, em parceria com Marcus Preto, em fase de captação de recursos. E exibirá no Festival do Rio o curta “Love Snaps”, todo feito com o aplicativo Snapchat, coescrito e codirigido com Rafael Lessa.

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Noiva “Loucas pra Casar”, filme nacional mais visto de 2015, tem sinal verde para uma continuação: A Ancine autorizou o projeto a receber R$ 370 mil para seu desenvolvimento.

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Debutante “De Palma”, documentário sobre o diretor de “Carrie” e “Scarface”, será o primeiro filme distribuído no país pela RT Features, produtora de Rodrigo Teixeira (“Alemão”, “Frances Ha”).

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Viajante “Cinema Novo”, documentário de Eryk Rocha que esteve no Festival de Brasília e foi premiado em Cannes,irá abrir a terceira edição do Porto/Post/Doc, em 26/11. O diretor terá também retrospectiva de seus filmes na mostra.

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Cena do filme “Cinema Novo”, de Eryk Rocha

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Escuro A partir de 20/10, três filmes inspirados nas peças de Shakespeare serão exibidos na área externa do Tomie Ohtake, em SP: “Noite Insana” (1951), “Muito Barulho por Nada” (2013) e “As Sete Máscaras da Morte” (1973).

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Iluminado O próximo Noitão do Belas Artes, maratona de filmes temáticos nas noite  de sexta, será dedicado ao diretor Stanley Kubrick, em 21/10.
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Leia mais notas aqui.

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Festival de Brasília exibe filme contundente sobre massacre indígena https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/09/23/festival-de-brasilia-exibe-filme-contundente-sobre-massacre-indigena/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/09/23/festival-de-brasilia-exibe-filme-contundente-sobre-massacre-indigena/#respond Fri, 23 Sep 2016 15:19:02 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=953 A 49ª edição do Festival de Brasília ganhou sua sessão-catarse na noite desta quinta (22), com a exibição de um documentário de 160 minutos sobre o massacre dos povos indígenas guarani-kaiowá na fronteira entre Brasil e Paraguai.

“Martírio”, do francês radicado em Pernambuco Vincent Carelli (“Corumbiara”), foi aplaudido por mais de cinco minutos ao fim da sessão. Ele é quem conduz e narra a história dos embates de mais de um século entre índios e fazendeiros da região de Dourados (MS).

“O desafio era sair do gueto do filme etnográfico para expandir a consciência nacional”, diz o diretor e indigenista, criador do projeto Vídeo nas Aldeias, de ensino de técnicas audiovisuais a nativos. “Ele foi pensado como ferramenta de denúncia e reflexão.”

Cena do filme "Martírio", de Vincent Carelli (Fotos: Divulgação)
Cena do filme “Martírio”, de Vincent Carelli (Fotos: Divulgação)

A partir de imagens de cinejornais, o documentário recua na história para contar a ocupação daquelas terras pelos nativos, sua cooptação para o cultivo da erva-mate, as tentativas do governo de “civilizá-los” e a militância pela demarcação. Mostra também o cotidiano dos indígenas, muitos vivendo em barracas à beira da estrada e próximos a onde enterram parentes mortos em conflito com os brancos.

É um documentário que sobressai dentro do atual panorama de filmes que defendem um viés social: não fica restrito às lamúrias de um ponto de vista ao qual é fácil o público politizado dos festivais se afeiçoar.

Carelli esmiúça as estruturas políticas e econômicas daquele cenário: mostra relações entre fazendeiros e empresas de segurança privada, que abastecem pistoleiros, se detém nas discussões parlamentares.

Quando um político expõe o vídeo de um capataz ser aparentemente torturado pelos indígenas, o diretor retorna ao local dos fatos, indaga os índios, reconstitui o evento. No trecho mais impressionante, dá a câmera para que os próprios indígenas registrem a ação de pistoleiros.

A exibição do filme, que compete pelo prêmio Candango, inflamou o público de uma mostra conhecida pela sua politização: houve vaias e berros nas cenas que mostravam discursos de deputados ruralistas –alguns defendendo que os índios eram bancados por governos estrangeiros, outros ironizando os antropólogos.

“Martírio” se soma a outros quatro longas e curtas, documentais e ficcionais, que tratam da questão indígena, caso de “Antes o Tempo Não Acabava”, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, sobre o embate entre um jovem e sua tribo.

JEAN-CLAUDE BERNARDET

Fora da competição, um dos destaques da quinta (22) foi a exibição do docudrama “A Destruição de Bernardet”, de Claudia Priscilla e Pedro Marques. O filme fica na cola do crítico,  professor, escritor e ator Jean-Claude Bernardet, um dos maiores teóricos do cinema no Brasil.

A partir de conversas com parceiros e gravações em fitas cassete, o filme aciona as lembranças de Bernardet, cuja trajetória se mistura à do próprio cinema nacional das últimas seis décadas. Também o põe para atuar, registra seu cotidiano, suas interações.

Nascido na Bélgica e naturalizado brasileiro, Bernardet divaga sobre ser um “bastardo” na acepção de Sartre: um sujeito que não faz parte inteiramente de nenhuma cultura, e trata da sua colaboração com uma nova geração de cineastas, que o têm usado como ator em seus filmes: Cristiano Burlan e Kiko Goiffman.

“É para conseguir uma longevidade criativa”, diz Bernardet, com todos os seus erres pronunciados.

O jornalista viajou a convite do Festival de Brasília
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Filmes sobre violência rural, estupro e aborto esquentam Festival de Brasília https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/09/22/festival-de-brasilia-exibe-filmes-sobre-violencia-rural-assedio-e-aborto/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/09/22/festival-de-brasilia-exibe-filmes-sobre-violencia-rural-assedio-e-aborto/#respond Thu, 22 Sep 2016 15:40:35 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=940 “Rifle”, longa que abriu a competição do Festival de Brasília, na noite de quarta (21), bagunça os limites entre a ficção e o documentário para contar uma história de conflitos fundiários em estâncias gaúchas.

Dione (Dione Ávila) arma-se contra ameaças que parecem perturbar a estância em que trabalha, num rincão remoto dos pampas: forasteiros, um fazendeiro que deseja ampliar suas terras e saqueadores de carne que matam seus animais à noite.

“Já tínhamos o roteiro. Mas quando fizemos a pesquisa de elenco entre o pessoal da região, reescrevemos alguns diálogos e situações”, diz o diretor Davi Pretto, que repete em “Rifle” o mesmo recurso empregado em seu longa de estreia, “Castanha” (2014).

A atmosfera de “Rifle” vai ficando mais tensa à medida que Dione vai entrando numa espiral paranoica. O filme também não deixa de embutir um olhar social sobre a vida dos estanceiros, atados à terra, morando em seus casebres simples.

O diretor conta que o longa foi filmado nas casas dos atores, todos eles egressos daquele universo.

Ao anunciarem o filme no palco, diretor e equipe trajavam camisetas com inscrições: “cinema contra o golpe”, movimento de cineastas que têm ganhado força nesta edição do festival e que tem estampado o seu logo nos créditos iniciais de vários dos filmes em exibição.

“É algo que está coando em todo o Brasil”, diz Pretto. “Todo mundo está angustiado, e a pior coisa é essa perseguição aos artistas.”

Na quarta, todos os três realizadores que apresentaram seus filmes na competição –além de Pretto, os curta-metragistas Marcus Curvello (“Ótimo Amarelo”) e Marcus Vinicius Vasconcelos (“Quando os Dias Eram Eternos”)—puxaram coros de “Fora, Temer”.

Cena do filme "Rifle", de Davi Pretto
Cena do filme “Rifle”, de Davi Pretto

BÍBLIA, ASSÉDIO, ABORTO

Além de “Rifle”, que compete pelo Candango, o Festival de Brasília também contou com a exibição, em exibições paralelas na tarde de quarta-feira, de documentários que dialogam entre si.

“Precisamos Falar do Assédio”, da paulista Paula Sacchetta, é o mais contundente: reúne depoimentos de mulheres que foram vítimas de algum tipo de abuso.

A premissa é o que distingue o filme: a equipe da produção estacionou uma van no centro de São Paulo e do Rio e convidou todas que passavam a entrar no carro e dar o seu depoimento sobre os casos de violência que sofreram.

Dentro da van, sem a interferência de qualquer entrevistador ou da diretora, as mulheres estão sozinhas, tendo a companhia apenas da câmera ligada. Algumas preferem ocultar o rosto com uma máscara; outras mostram a cara.

O filme se constrói a partir da montagem: uma perturbadora compilação de dezenas de casos de estupro, assédio sexual e violência. Em comum entre muitos deles, o tabu do silêncio, o trauma, a impotência e o machismo à volta.

Causa ruído apenas o desejo da diretora de algumas vezes se colocar no filme, conversando com as depoentes antes ou depois de seus depoimentos, como se quisesse mostrar uma solidariedade com as entrevistadas, que é desnecessária; o filme já causa empatia por si só.

“Sexo, Pregações e Política”, de Aude Chevalier-Beaumel e Michael Gimenez, aborda a presença de lideranças neopentecostais no Congresso. Os diretores se debruçam sobre como a agenda de matriz religiosa de deputados da bancada evangélica tem barrado qualquer legislação pró-aborto ou pró-casamento gay.

Sem inovar na forma, é um filme que não esconde que lado defende: contrapõe discursos engajados de membros de movimentos homossexuais e de coletivos feministas aos argumentos teocêntricos de deputados como Marco Feliciano e João Campos e de falastrões como Jair Bolsonaro.

Ao abordar a figura do pastor Silas Malafaia, um dos maiores opositores ao aborto e aos direitos dos homossexuais, por exemplo, os diretores tratam de embutir imagens da cobrança do dízimo, inclusive por maquininhas de cartão de débito.

“Demos palavra a todo mundo. As pessoas não têm vergonha de falar o que falam”, diz a diretora Aude, nascida na França, que conta ter optado por fazer um filme que abordasse o paradoxo da liberdade sexual do Brasil: “Não precisa de mais do que dois dias para perceber que não é um país assim tão liberal”.

Ao não avançar sobre o senso-comum dos argumentos conservadores que emperram pautas liberais no Legislativo, o filme deixa aquela mesma impressão de se estar lendo um textão de rede social, daqueles escritos justamente para que seus amigos concordem. “Sexo, Pregações e Política” parece pregar para convertidos –não os convertidos à Bíblia, é claro.

O jornalista viajou a convite do Festival de Brasília
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Filme sobre PC Farias terá coprodução com a Itália https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/08/11/filme-sobre-pc-farias-tera-coproducao-com-a-italia/ https://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/2016/08/11/filme-sobre-pc-farias-tera-coproducao-com-a-italia/#respond Thu, 11 Aug 2016 05:30:15 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://semlegenda.blogfolha.uol.com.br/?p=836 “Morcegos Negros”, documentário sobre o Esquema PC Farias, é um dos contemplados no edital de coprodução Brasil-Itália, da Ancine e da Direzione Generale per il Cinema, voltado a projetos de roteiristas iniciantes ou não.

O projeto toma por base o livro-reportagem homônimo do jornalista Lucas Figueiredo, que investigou o escândalo e o assassinato do tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor.

O filme será dirigido e roteirizado por Chaim Litewski (“Cidadão Boilesen”) e vai receber 25 mil euros para desenvolvimento por meio do edital.

Também foram contemplados os roteiros de “Clarice”, da produtora Gullane, e “Até que a Música Pare”. Ao todo, o concurso binacional oferecerá 160 mil euros.

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O tesoureiro do ex-presidente Collor, PC Farias, morto em 1996 (Créditos: Ormuzd Alves 02.12.1993 /Folhapress)

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 OS FILMES MAIS VISTOS DO FIM DE SEMANA NO BRASIL

1º ‘Esquadrão Suicida’: 2,081 milhões de pessoas

2º ‘A Lenda de Tarzan’: 185.464 pessoas

3º ‘Procurando Dory’: 144.950 pessoas

4º ‘A Era do Gelo 5’: 141.258 pessoas

5º ‘Jason Bourne’: 105.908 pessoas

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