México pode levar quinto Oscar de direção nos últimos seis anos
Editor do Guia Folha, e um dos grandes “oscarólogos” da Redação, o jornalista Sandro Macedo atenta para um detalhe importante nesta edição da maior premiação hollywoodiana.
No último quinquênio, cineastas mexicanos –mais precisamente a trinca de amigos Cuarón-Del Toro-Iñárritu– venceram quatro vezes na categoria de direção. Com “Roma”, o México pode conquistar a quinta estatueta dos últimos seis anos.
A seguir ele explica melhor esse feito no Oscar.
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Se Donald Trump levantar um muro na fronteira entre Estados Unidos e México, um dos grandes perdedores seria Hollywood.
Diretores do país latino estão dominando a categoria do Oscar nesta década. Nos últimos cinco anos, foram quatro estatuetas. E Alfonso Cuarón larga como favorito por seu trabalho no superelogiado “Roma”, produção da Netflix.
Foi o próprio Cuarón que iniciou a vitoriosa era mexicana na categoria com “Gravidade”, que lhe rendeu a estatueta em 2014. O longa protagonizado por Sandra Bullock foi o recordista de Oscar daquele ano, com sete troféus, mas perdeu o principal para “12 Anos de Escravidão”, de Steve McQueen —que é britânico, não americano.
No ano seguinte foi a vez de Alejandro González Iñárritu surpreender com seu “Birdman”. O filme não era visto como favorito quando saíram as indicações, mas derrotou “Boyhood” na reta final para ficar com os Oscar de filme e direção, além de mais dois.
Mais uma vez Iñárritu se sagrou vencedor em 2016, com “O Regresso”, filme mundialmente conhecido como “aquele que rendeu o Oscar a Leonardo DiCaprio”. Na ocasião aconteceu o contrário do ano anterior e “O Regresso”, que parecia favorito, foi atropelado por “Spotlight – Segredos Revelados” na categoria principal.
O ano de 2017 deve ter sido de sabático para os mexicanos. Assim, depois de muito tempo, um americano voltou a levar a estatueta de direção. No caso, Damien Chazelle, pelo musical “La La Land”. Na categoria de melhor filme, “La La Land” também venceu, mas só por alguns segundos. A estatueta ficou mesmo com “Moonlight”, de Barry Jenkins.
Curiosamente, Chazelle e Jenkins, que levaram praticamente todos os prêmios há duas temporadas, têm seus filmes representados no Oscar deste ano, mas sem o mesmo glamour. Jenkins dirige “Se a Rua Beale Falasse” enquanto Chazelle comanda “O Primeiro Homem”, ambos fora da disputa principal.
Já no ano passado foi a vez de um outro mexicano se juntar a la fiesta. Guillermo del Toro conquistou a estatueta de direção por “A Forma da Água”, fantasia que também ficou com o prêmio de melhor filme.
Desta vez, a chance de os Estados Unidos ficarem mais um ano sem o Oscar de direção é de 60% segundo os matemáticos de plantão. Além do favorito Cuarón, a categoria tem um polonês (Pawel Pawlikowski, por “Guerra Fria”) e um grego (Yorgos Lanthimos, por “A Favorita”). Do outro lado, a honra americana será defendida por Spike Lee (“Infiltrado na Klan”) e Adam McKay (“Vice”).