Drama LGBTQ ‘Tinta Bruta’ é o grande vencedor do Festival do Rio

GUILHERME GENESTRETI

O drama gaúcho “Tinta Bruta”, sobre um garoto introvertido que se pinta e faz performances para anônimos na internet, foi o grande vencedor do Festival do Rio. O longa dos diretores Filipe Matzenbacher e Marcio Reolon, levou os prêmios de melhor filme de ficção, roteiro, ator (Shico Menegat) e ator coadjuvante (Bruno Fernandes), segundo os votos do júri.

A premiação no Rio coroa uma trajetória que tem sido bem-sucedida desde que a obra foi lançada, em fevereiro, no Festival de Berlim, de onde saiu com o prêmio Teddy, voltado a produções com temática LGBTQ.

Pedro, papel de Menegat, é um jovem que vive num apartamento no centro de Porto Alegre. A partida de sua irmã mais velha acirra sua solidão. Com poucas conexões com o mundo real, ele brilha (literalmente) na internet. Ali, apresentando-se como o GarotoNeon, ele faz apresentações em que tira a roupa e se pinta com tintas fluorescentes.

“Uma das coisas que queríamos muito falar era sobre o abandono. Porto Alegre, por ser cidade de médio porte, não oferece perspectiva para juventude”, disse Reolon à reportagem, três dias antes do anúncio do prêmio. “Pensamos no Pedro como a síndrome desse abandono.”

Matzenbacher completou: “Mas na internet ele consegue continuar se comunicando e pode exercer a própria sexualidade dele, que é algo cerceado”.

Entre os documentários, o escolhido foi “Torre das Donzelas”, de Susanna Lira, que remonta a história da cela em que guerrilheiras foram mantidas durante a ditadura militar, entre elas a ex-presidente Dilma Rousseff. O filme também ganhou o prêmio de direção nessa categoria.

Veja a lista dos principais vencedores do Festival do Rio:

– Longa de ficção: “Tinta Bruta”, de Filipe Matzenbacher e Marcio Relon
– Longa documental: “Torre das Donzelas”, de Susanna Lira
– Curta-metragem: “O Órfão”, de Carolina Markowicz
– Direção de longa de ficção: João Salaviza e Renée Nader Messora, por “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”
– Direção de documentário: Susanna Lira, por “Torre das Donzelas “
– Atriz: Itala Nandi, por “Domingo”
– Ator: Shico Menegat, por “Tinta Bruta”, e Valmir do Côco, por “Azougue Nazaré”
– Atriz coadjuvante: Eliane Giardini, por “Deslembro”
– Ator coadjuvante: Bruno Fernandes, por “Tinta Bruta”
– Fotografia: Renée Nader Messora, por “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”
– Montagem: André Sampaio, por “Azougue Nazaré”
– Roteiro: Filipe Matzembacher, Marcio Reolon por “Tinta Bruta”
– Prêmio Especial do Júri: “Azougue Nazaré”, de Tiago Melo

– Melhor longa de ficção segundo o voto popular: “Deslembro”, de Flavia Castro

– Melhor longa documental segundo o voto popular: “Torre das Donzelas”, de Susanna Lira