A dois meses de suposto início, Festival do Rio ainda tem destino incerto
O segundo semestre, que já somou baixas para o cinema brasileiro, pode terminar com mais um baque: ainda não é certo qual será a cara do Festival do Rio neste ano.
A data oficial, anunciada para produtores e distribuidores, é o dia 1º de novembro. Nos bastidores, contudo, comenta-se que nem isso é mais garantido. A dois meses do início, ainda não se sabe quais serão os títulos programados.
Profissionais do setor com quem a Folha entrou em contato nos últimos dias relatam até que já trabalham com a hipótese de que o festival nem sequer ocorra neste ano. Na melhor das hipóteses, dizem, ocorrerá em formato bastante reduzido.
Vale lembrar que o festival foi, inclusive, adiado. Como tradição, ele ocorria entre setembro e outubro, antes da Mostra de Cinema de São Paulo. Neste ano, será depois de seu congênere paulista.
O que está por trás é a fuga de patrocinadores, o que tem afetado eventos de cinema aos montes neste ano no país. O In-Edit, o Indie e o É Tudo Verdade também foram afetados e tiveram que compactar suas programações ou se remodelar de alguma forma. Mesmo a Mostra de SP trabalha com um orçamento que será menor neste ano.
A reportagem tentou entrar em contato com Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, mas ela não atendeu aos pedidos de entrevista.
Já a prefeitura da capital fluminense, que era um dos principais patrocinadores do evento, informa que não tem recursos para bancar a programação neste ano, mas que ofereceu como contrapartida o fomento via renúncia fiscal.
“Os produtores do Festival do Rio foram autorizados pela Secretaria Municipal de Cultura a captar até R$ 1.089.918,00 por este mecanismo de patrocínio. A captação, no entanto, não foi efetuada”, informa a prefeitura, via assessoria.
Pessoas que estiveram presentes na última reunião do Conselho Superior de Cinema relataram que o cineasta Cacá Diegues fez um apelo para que o Ministério da Cultura e a Ancine atentassem para a situação do festival e buscassem alguma forma de impedir que ele deixasse de ocorrer.
Um dos eventos de cinema mais importantes do país, o Festival do Rio existe desde 1999 e tem como sua principal vitrine a Première Brasil, seção dedicada a estreias de alguns dos filmes brasileiros mais importantes do calendário. Aos cariocas, o festival também oferece uma programação considerável, com os principais títulos que circularam no exterior.
Os diretores Roman Polanski, Louis Malle, John Waters e Carlos Saura, e os atores Jeremy Irons, Isabelle Huppert e Helen Mirren são alguns dos nomes que já apresentaram seus filmes no Rio.