Com ‘O Grande Circo Místico’ em Cannes, Cacá Diegues rompe hiato de 12 anos
Com a exibição de “O Grande Circo Místico” em Cannes, o diretor brasileiro Cacá Diegues trouxe inevitavelmente ecos de seu “Bye Bye, Brasil”, que também passou por esse mesmo festival, em 1980.
Nos dois casos, o centro da trama é ocupado por uma trupe circense, essa obsessão do cinema nacional.
Mas os resultados não poderiam ser mais diferentes. “O Grande Circo…”, exibido em sessão especial e fora de competição, está mais para o delírio de tintas fellinianas do que para o “road movie” picaresco de “Bye Bye”.
A obra toma como ponto de partida poema de Jorge de Lima, que nos 1980 foi transformado em musical por Chico Buarque e Edu Lobo. Canções da dupla, como “Beatriz” e “Ciranda da Baila
Diegues, que não lançava um longa de ficção desde 2006, havia concluído as filmagens de sua nova obra em 2015. Sua produção foi tumultuada: para poder filmar com os animais circenses sem ferir leis brasileiras, o diretor teve que rodar em Portugal.
Cinco gerações dividem o protagonismo da trama, começando por Fred (Rafael Lozano), filho de uma família aristocrática brasileira que, no começo do século 20, compra o circo que dá nome ao filme. Ele é apaixonado pela atriz e dançarina Beatriz (Bruna Linzmeyer).
Vincent Cassel, Mariana Ximenes e Juliano Cazarré fazem parte de outras das gerações que acompanham a trajetória do circo, que corre paralela à história do Brasil. Quem tece o fio de todas é Celavi, mestre de cerimônias que nunca envelhece, interpretado por Jesuíta Barbosa.
Antes da projeção, o realizador alagoano dedicou a sessão ao diretor paulista Nelson Pereira dos Santos, expoente da mesma geração de cineastas, morto no mês passado.
O diretor artístico de Cannes, Thierry Frémaux, tomou o microfone e homenageou figuras da plateia, como a diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago. Mas não mencionou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, que também estava ali. O ministro saiu antes do filme começar.