Penélope Cruz e Javier Bardem abrem Festival de Cannes com filme fraco
A abertura do Festival de Cannes se mostrou frustrante com a exibição do fraco “Todos lo Saben”, primeira incursão do diretor iraniano Asghar Farhadi num filme falado em espanhol. A obra não recebeu mais do que dez palmas na lotada sala em que o filme teve sua projeção de imprensa.
Era, contudo, aguardado com bastante antecipação: seria o primeiro filme de gênero dirigido por Farhadi, que talvez seja hoje o cineasta iraniano mais conhecido dos ocidentais.
Também era promessa de glamour no tapete vermelho numa edição que conta com pouquíssimos atores famosos para o grande público. No elenco de “Todos lo Saben” estão os espanhóis Penélope Cruz e Javier Bardem, além do argentino Ricardo Darín.
Na trama, Cruz e Darín vivem um casal que mora na Argentina. Quando ela volta para sua Espanha natal a fim de participar do casamento da irmã, acaba reencontrando o amor de infância (Bardem) com quem parece estar em bons termos.
Um crime terá lugar durante a cerimônia (e aqui é melhor não detalhar para não estragar a surpresa) e fará com que os três personagens principais tenham de acertar as contas com o passado não resolvido.
Com “Todos lo Saben”, Farhadi se mostrou à vontade com a “hispanicidade” da trama. Em seus títulos mais conhecidos, “A Separação” e “O Apartamento”, a relação entre homens e mulheres é sempre permeada pelo tabu religioso de seu país natal. Mas aqui, ele trata da Espanha e os personagens de fato se encostam. Ainda assim, mesmo à vontade com esse novo universo, o filme falhou. Por quê?
Falhou principalmente porque o resultado parece um pastiche do próprio Farhadi. Mais uma vez, o diretor mira sua lente para as relações familiares e leva seus personagens ao esgotamento emocional para tentar tirar deles a essência do caráter ou coisa que o valha.
O grande segredo que é fonte do conflito central, contudo, é revelado e causa pouquíssimo impacto. E o desvendamento do crime, como se verá ao final, não é nem um pouco surpreendente.