Kristen Stewart se comunica com fantasmas em ‘Personal Shopper’

GUILHERME GENESTRETI

Kristen Stewart já caiu nos braços de vampiros e lobisomens na saga “Crepúsculo”. A ela faltavam os fantasmas.

Quem deu um jeito nisso foi o francês Olivier Assayas, que já havia trabalhado com a atriz em “Acima das Nuvens” (2014) e voltou a escalá-la, agora para “Personal Shopper”. O filme estreia nesta quinta (9) após ter rendido ao cineasta o prêmio de direção no Festival de Cannes.

A atriz Kristen Stewart em cena de ‘Personal Shopper’ (Créditos: Divulgação)

“Eu tinha uma intuição do quão distinta ela era dos personagens que fazia e que poderia trazer algo de diferente aos meus filmes”, diz Assayas à Folha, por telefone.

“Personal Shopper” é uma investida no terror de um cineasta mais famoso por obras realistas e autorais. Assayas refuta, contudo, que se trate de um puro filme de gênero.

“Uso elementos do cinema de gênero para criar uma conexão do espectador com a história. É como se o terror fosse só uma das cores da paleta de um pintor”, afirma.

Stewart vive a “personal shopper” do título: uma americana que vive em Paris em função de uma ricaça que não  tem tempo para comprar roupas. É ela, Maureen (Stewart) quem faz as compras por ela.  Mas essa é só uma das camadas: a personagem também  acredita estar em contato com o fantasma de seu irmão, morto quando adolescente.

Segundo o cineasta, a tensão entre o trabalho e a vida interior, espiritualizada, é o que move “Personal Shopper”. “No fundo, é sobre uma pessoa muito solitária, frustrada com seu trabalho e que tem aspirações. A espiritualidade, essa conexão com o irmão, é uma saída dela”, diz.

O diretor francês também esboça uma explicação para o sobrenatural em seu filme: “Tem a ver com o inconsciente. O medo de fantasmas é o medo do que temos lá no fundo de nós mesmos”, afirma.

Trata-se de um terror para os dias de hoje: boa parte das interações entre Maureen e o espectro se dá por meio de estranhas mensagens de texto, enviadas ao celular dela.

“Escrevemos e-mails como escrevíamos cartas. Mas mensagens de texto são uma experiência comunicativa nova: têm sintaxe própria e  nos permitem dizer coisas brutais”, diz o diretor. “Achei que seria um recurso interessante.”

Embora “Personal Shopper” tenha saído com a Palma de Prata de direção em Cannes, a imprensa torceu o nariz e vaiou o filme de Assayas.