Diretor de ‘Aquarius’ ironiza e assume crítica de Reinaldo Azevedo como elogio

GUILHERME GENESTRETI

O pedido de boicote ao longa “Aquarius” encampado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da Folha, foi parar justamente… num cartaz  de divulgação do filme.

A frase é a seguinte: “O dever das pessoas de bem é boicotar ‘Aquarius’”. A produção a pinçou de um dos textos de Azevedo, publicado em seu blog no site da revista “Veja”, e a reproduziu em meio a três críticas elogiosas.

“A ironia é um instrumento muito importante”, disse o diretor Kleber Mendonça Filho à Folha. “Reinaldo tem uma linha distante do que a gente acredita, do ponto de vista de sociedade e democracia. O chamado dele para boicote é uma grande coisa.”

Em maio, após o ato anti-impeachment feito pela equipe do filme no Festival de Cannes, Azevedo escreveu que “as pessoas com vergonha na cara e amor à verdade” não deveriam assistir à produção.

Kleber lembra que o mesmo tipo de chiste irônico já foi usado antes no meio cinematográfico: um pôster de “Estrada Perdida” (1997), de David Lynch, estampava orgulhosamente os famosos “dois polegares para baixo” dos críticos americanos Gene Siskel e Roger Ebert.

“Achei que Reinaldo poderia ver como senso de humor”, afirmou o cineasta.

Azevedo, porém, não viu assim. “O cara está tentando me usar. Mas entendo perfeitamente a ironia”, afirmou.

“Me sinto honrado, pois sempre que a frase de uma pessoa decente é usada por um delinquente, há alguma chance de essa delinquência ser corrigida”, concluiu Azevedo, que não viu o filme.

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Material promocional do filme ‘Aquarius’, que contém frase de Reinaldo Azevedo

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