Crise, ‘Chatô’ e furor de ‘Que Horas Ela Volta?’ marcaram o cinema em 2015
Com o turbulento ano de 2015 chegando ao fim neste mês –e restando apenas a estreia da comédia “Até que a Sorte nos Separe 3” entre as grandes produções, no dia 31– já é possível fazer um balanço do que foi o ano para o cinema brasileiro.
O “Sem Legenda” elenca os principais acontecimentos:
O FUZUÊ DE ‘QUE HORAS ELA VOLTA?”
O filme de Anna Muylaert sobre uma empregada doméstica (Regina Casé) que reavalia sua relação com os padrões após o reencontro com a filha (Camila Márdila) voltou a dar chances concretas de ser indicado ao Oscar –chance que o Brasil não tinha há muito tempo. A resposta si só em janeiro.
A última vez que o país teve um representante na maior premiação do cinema foi em 1999, com “Central do Brasil”, de Walter Salles. Desde então, apenas “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2007) ficou perto: figurou na chamada “short list”, mas não foi indicado.
“Que Horas Ela Volta?” vêm embalado por críticas elogiosas na imprensa estrangeira, prêmio no Festival de Sundance (para a atuação de Casé e de Márdila) e apostas bem concretas: está na lista do site “Indiewire” e conquistou uma boa agente para promover o filme em Hollywood, Fredell Pogodin.
O hype do Oscar ajudou a dar um impulso extra ao filme nas bilheterias: “Que Hora Ela Volta?” teve público de 493 mil pessoas nos cinemas, o que o tornou o oitavo filme nacional mais visto no ano (atrás apenas das velhas conhecidas comédias e do infantil “Carrossel”) e certamente o mais comentado nas redes sociais.
‘CHATÔ’, ENFIM
A notícia mais inusitada do ano para o cinema nacional foi o lançamento de “Chatô”, de Guilherme Fontes, 20 anos após o projeto ter iniciado. E, ainda mais surpreendente: o filme é muito bom.
Fontes ainda responde a processo no Tribunal de Contas da União, que apura supostas irregularidades no uso do dinheiro público que bancou a produção –R$ 8,3 milhões via leis Rouanet e do Audiovisual.
CRISE NOS FESTIVAIS
A crise econômica atingiu em cheio os festivais brasileiros.
O primeiro deles foi o Festival de Paulínia, o menos sólido de todos. Em fevereiro, a Folha anunciou que o evento, que ocorre no interior de São Paulo, tinha sido suspenso quando o atual prefeito, José Pavan Júnior (PSB), assumiu, substituindo Edson Moura Júnior (PMDB), que responde a processos na Justiça eleitoral e era um dos entusiastas da mostra. Pavan informou que essa decisão foi tomada porque encontrou a prefeitura “em grave situação financeira”.
Em seguida, em outubro, quem sofreu o baque foi o Festival do Rio, um dos mais importantes do país: com um orçamento cerca de 20% menor do que no ano anterior, a edição de 2015 apresentou 250 filmes em 25 salas na capital fluminense; em 2014 foram 350 em 35 locais.
Por fim, foi a vez da Mostra de São Paulo, em novembro. A redução do orçamento na edição deste ano foi da ordem de 30%: o ajuste cortou a festa de abertura e enxugou o número de convidados.
Não existem indícios de que 2016 seja melhor –se não for pior.